sexta-feira, setembro 04, 2009

Perguntas que jogo para o Universo


Gostaria de fazer aqui algumas perguntas que sempre franziram meu cenho, martelaram meu juízo, criaram em minha mente pequeninas interrogações, queimaram meus neurônios, enfim...perguntas que eu não sei se serão respondidas, porém, uma vez feitas, estarão jogadas para o Universo, espero que este me dê alguma solução, resposta, luz ou o que seja.

Algumas podem parecer descabidas, outras, mais cabidas. No entanto, não deixam de ser pertinentes, ao menos para mim.


Dizem respeito, em sua maioria, à temas variados. Não tenho eu a pretensão aqui de esgotar uma questão, de fazer disso um problema de pesquisa e utilizar metodologias variadas de modo que obtenha uma resposta. Não, não , não, longe de mim. São perguntas variadas, descabidas ( a quem primeiro assim as entender) mas muito, muito intrigantes. Que seja o Universo, então, o que me dará as respostas que há tempos busco, sem sucesso.


1- Por que todo stand-up comediant é mau humorado?


Essa, sem dúvida, é a pergunta que mais assola meu cérebro questionador. Eu não consigo entender porquê diabos são esse tipo de comediantes tão mal humorados, de mal com a vida, mal amados e mal comidos. Como uma amante do gênero, comecei a perceber certas semelhanças no humor de cada comediante que se intitula como stand up comediant.

Vejam bem, se seguirmos as pistas e voltarmos no tempo, encontraremos Jerry Seinfeld, que, para mim, foi o precursor dessa onda do momento que vemos inundar nosso país.

É em todo canto: programas de talk-show, youtube, orkut, twitter... Esteja você aonde estiver, fatalmente irá encontrar um desses comediantes paulistas ( tou generalizando, calma, esse tipo já se espalhou Brasil à fora e à dentro), braquelos, que fazem questão de se intitular nerds, praticantes inveterados de esportes sedentários ( se é que existem) e que, sempre, mas sempre mesmo, estão reclamando da vida.

Se formos entender o que seria a comédia "em pé", podemos perceber que não raramente as temáticas são casos banais do cotidiano, questões irrelevantes que certamente não teriam a mínima graça para aquele comediante mais bonachão, mais risonho, alegre, leve. É isso: ao contrário dos tipos mais tradicionais, nós vemos praticamente todos os dias em todos os tipos de mídia brasileira esses tipinhos com sotaque paulista falarem mal de filas de banco, de assalto, de rua cheia, rua lotada, fila dupla, fila única, caixa eletrônico, pastel de padaria, leis anti-fumo, fumantes, lei seca, alcoolismo, programas de tevê, programas de rádio, programas de internet...

Enfim, a lista se alongaria deveras se eu tivesse a pretensão de citar todos os temas por estes comediantes abordados.

O que quero dizer é: será que para fazer stand up comedy você tem que ser um sujeito extremamente irritado, impaciente, de mal com a vida, de mal com o governo, prefeitura, vizinhança, esposa, gato, cachorro e papagaio? Será isso o objetivo do stand up comediant, perder toda a noção do significado da palavra "comediante"?

Por que diabos têm que reclamar de tudo: Será que só existe graça na reclamação? Sei lá, eu prefiro a época que comediante era um sujeito engraçado.



2- Por que ser nerd tá na moda?


Eu decididamente não entendo isso. Primeiro a mídia toda nos enche o saco para que sejamos mais jovens, mais magros, mais fortes, mais atléticos, mais bonitos, lipoaspirados, e, consequentemente mais desejáveis. Depois começa um certo movimento mundial de culto ao nerd, ou seja, ao exato oposto do cara que é mais forte, mais atlético, mais bonito, mais lipoaspirado? Por que agora está na moda ser loser se nossa sociedade sempre nos impôs os ideais de sucesso geralmente relacionados àquele mesmo tipinho que anda em academias?



3- Será paz e tranquilidade sinônimo de vagabundagem?


Não entendo. Sinceramente não entendo. Você tá lá, na sua vidinha 100%paz e amor, cultiva vegetais geneticamente inalterados em sua hortinha, surfa todos os dias , dá bom dia à arvores, girassóis e pardais mas, ainda assim, é tachado como sem noção, hippie, malandro ou vagabundo. Nossa sociedade e nós ( nós somos a sociedade) nos diz que um homem de sucesso é um homem realizado afetiva, financeira e profissionalmente (mais ou menos nessa ordem). Mas , se de repente alguém resolve fazer um caminho não tão tradicionalmente vinculado à esse "ideal de sucesso"...bem, aí é o caso daquele fulano mesmo, que nunca quis estudar e não deu valor a nada nessa vida...Nesse momento esquece-se se o fulano é feliz por não ter querido estudar para adequa-lo à classe dos vagabundos.

No fim, você tem que estudar, trabalhar muito, casar e procriar, porque assim, assim terá dinheiro, que te dará bens, que te dará felicidade, ou, pelo menos, te livrará de ser vagabundo, natureba, hippie, sem noção.


4- Se todo mundo diz que não quer se expor, porque tem orkut, twitter, msn, irc e o diabo à quatro?


Esse é certamente um enigma que assola a humanidade. Fulaninho vai e faz coisas que deveria fazer entre quatro paredes na areia das praias movimentadas e vai parar no orkut. Fulaninho e Fulaninha resolvem tomar todas e filmar suas peripércias e vai parar no youtube, Fulaninha é professora mas resolve mostrar que sabe dançar da maneira não tão infantil e vai parar no youtube. O que estas situações tem em comum? protagonistas que não, definitivamente não gostariam de se expor.

Eu não entendo porque você vai e sobe num palco com 450 celulares apontando diretamente para você (ou mais precisamente para a parte mais inferior localizada ao sul do osso do mucumbú) e se sente exposta, denegrida, enjuriada porque, no outro dia isso foi parar na rede. Não seria mais honesto dizer: é isso aí, eu faço loucuras na frente de todo mundo, eu danço obscenamente na frente de todo mundo, eu faço de tudo e aind por cima gravo, filmo e fotografo porque o que eu quero é aparecer.

Seria mais honesto.



5 - Por que as pessoas fazem perguntas que não querem ouvir ser respondidas?Ou, se querem ,já sabem a resposta que vão escutar?


Essa é a clássica situação entre namorados: "Amor, vocÊ me ama?" "Você vai me trair um dia?", "Você acha a vizinha bonita?". Geralmente essas questões saem de bocas femininas, mas também não estou dizendo que nenhum homem jamais tenha inquirido sua amada com tais questões...Será que você espera ouvir um "Ah, amor,vou sim, lógico te trair um dia, mas não será hoje né, benhê?" ou "Não amor, não amo, mas se você é capaz de amar por nós dois, que mal faz?".

Ninguém jamais chegará a esse nível de sinceridade o que invalida terminantemente a importância de tais perguntas. Ninguém nunca vai te dizer que vai te trair, que não te ama, que não pensa na vizinha. Isso é fato, você sabe que vai acontecer - e reze para não ter acontecido ainda- e não cabe a você fazer perguntas tão difíceis a seu par. Já diria uma letra de pagode "deixa acontecer naturalmente", não faz pergunta que piora.


6- Quem são essas pessoas que viram fãs súbitos de celebridades súbitas?


Eu gostaria muito de saber o que fazem, o que comem, quem são os tais fãs do Max e da Francine do BBB, os fãs da Mirela da Fazenda, o pessoal que torce para o novo ganhador de No Limite, que escreve faixas para a nova banda de pagode do momento. Sério mesmo, eu acho que essas pessoas são encontradas num depositário de gente carente, daquelas que vive a vida por um ídolo, que faria de tudo para ver aquele lugarzinho sombrio e inabitado de seu coração povoado pelo primeiro que aparecer na televisão, que rebolar um pouquinho, que for capaz de ganhar 1 milhão.

Sim , eu me dirijo à você agora, fã da Siri, do Diego Alemão, o mesmo que vai comprar o livro novo da Fani e se interessar pela sua biografia. Eu me pergunto que nível de carência é este que os fazem disponibilizar parte de seu tempo (e é muito tempo) na adoração de pessoas que vocês sabem que não vão durar, essas pessoas logo serão substituídas por outras. Mas, porque, por que você insiste em adorá-los, o que falta em sua vida?



Bem, com certeza essas questões agora foram liberadas da minha mente e eu espero que o Universo faça bom proveito delas. Se alguém quiser me responder, sinto-me, antecipadamente, grata pela atenção.