terça-feira, julho 06, 2010

Sublima que melhora!



Quando as pessoas estão envolvidas em festejos, comemorações, festinhas parece fácil dizer que estão acompanhadas, que estão em conjunto, em grupo, etc. Mas, como vamos dizer que estamos sós?Como sabemos que estamos sós?


Esta pergunta pode parecer de fácil resposta, uma vez que, aparentemente, estar só é o contrário de estar em grupo, ao lado de pessoas. Digo que não é bem assim, você pode estar ao lado de pessoas que não são tão significativas e que, por este fato, você continua se sentindo isolado, perdido, ou você pode estar com pessoas significativas e estar se sentindo igualmente sozinho.


Fato é que nas tristezas da vida, nos momentos em que você reza para não desesperar, raras são as pessoas que irão estender a mão, dizer "olha, estou aqui". Pouquíssimas. Nesse mundo em que vivemos, em que imagem é tudo, alegria é imperativo e ter amigos é sinônimo de felicidade, quem ousa se aproximar de uma pessoa que não faça parte dessa lógica, que nao compactue com comentariozinhos desnecessários e falsos? É isso, é disso que o povo gosta.



Quanto a mim, continuo vivendo a solidão, às vezes acompanhada, às vezes solitária, mas quase sempre compartilhada com uma única pessoa - ainda bem que ele existe - e aos outros, a quem interessar possa, continuo aqui, não postando fotos revelando o quanto curti a Copa do Mundo, o quanto curti o São João, o quanto adorei a viagem que não fiz.


Como não há meios de se demonstrar a tristeza, o processo depressivo, a solidão, melhor mesmo é falar, mesmo que ninguém leia, porque isso, de algum modo, pode garantir dias melhores. Da solidão e da morte, ninguém nunca quer saber.


Sigamos com nossas alegorias, fotos em verde e amarelo e comentários falsos sobre as pessoas, a vida e o mundo. Ah, Rogers, como discordo de você, de onde você tirou que o ser humano é essencialmente bom? Se assim fossem , como seria a vida? Metade da humanidade - bem mais da metade, vamos ser sinceros - não aprendeu a ser gente , por isso, não vão se beneficiar com um livro chamado "Tornar-se Pessoa".


Entre Tornar-se Pessoa e ser sujeito, prefiro a última opção e "O mal estar na civilização" permanecerá meu livro de cabeceira, enquanto a dor não passar, enquanto a ferida não cicatrizar e ninguém vier a meu consolo, porque isso certamente não espero.


Sublima que melhora!