segunda-feira, janeiro 02, 2012

Um vencedor




Considerado o melhor filme documentário no Brasil no ano de 2011, Senna (2010) não nos mostra nada de inédito, mas tem o mérito de nos relembrar certas lições que aprendemos com um dos maiores ídolos que o Brasil já conheceu.



Acompanhando os passos de Ayrton Senna, piloto nascido em 21 de março de 1960, o documentário revela o submundo do automobilismo, antes mesmo de toda a parafernalha eletrônica tomar conta da F-1, tornando o esporte, no mínimo , chato, asséptico e previsível. Antes de Schumacher existiram algums ídolos dos quais poucos esquecem.


Senna vale ser visto e revisto por todo aquele que deseja entender melhor como alguém pode vencer mesmo diante de diversidades. Diante da politicagem que já corria solta no mundo perfeito imaginado pela FIA, diante de inimizades, inveja e injustiças, Ayrton Senna mostrou perseverança, obstinação e firmeza, qualidades tão em falta nos dias de hoje, nos ídolos atuais.



Inúmeras são as passagens mostradas pelo documentário nos quais percebemos a garra que fez de Ayrton um campeão. Longe do cenário bizarro que envolve os grandes nomes do futebol atualmente, longe das baladas, das mulheres-fruta, dos anabolizantes , drogas e álcool, Ayrton Senna deu uma lição de como insistir em um objetivo.



Quando perguntado sobre o que a vitória significava para ele, Senna costumava dizer que esta era como uma droga, uma vez vencendo, difícil seria deixar de se levar pela busca dessas sensações que envolvem coragem e firmeza. Só não concordo com o campeão sobre sua opinião a respeito da similaridade entre droga e vitória: Ao contrário da vitória, a droga tira a coragem e destrói. Uma vitória prepara para a próxima.



Apesar de ser um ídolo esportivo, Senna teve um importante papel para a auto-estima do brasileiro que, nos anos 90, via em seu campeão o único motivo de orgulho da nação. Um país soterrado por uma inflação gigantesca, um povo miserável que tinha nos domingos a possibilidade de esquecer um pouco a miséria em que vivia para torcer pelo ídolo que, apesar de ter origem abastada, nunca esqueceu de revelar a qualidade mais rara encontrada nos seres humanos: humildade.



A história nos leva aos três campeonatos mundiais para nos guiar, finalmente, para a curva final, no famigerado GP de Ímola, onde Senna perdeu a vida, apesar de seus pressentimentos. Espiritualidade também marcou sua vida e nos faz entender melhor quem foi essa pessoa que deixou o mundo no auge de seu sucesso.



Passaram-se quase 18 anos e Senna continua presente em cada homenagem que se faça a sua garra e determinação, tão em falta hoje em dia. Achei que este seria um bom motivo para escrever: um ano gastando seus primeiros dois dias, as pessoas pensando no que fazer para viverem melhor e uma lição nos ensinada sobre humildade, generosidade e persistência.



Para mim alguns aprendizados para toda vida: não existe o impossível, apesar de ser clichê, poucos de fato acreditam que podem fazer a diferença, não existe o incompreensível e não existe dificuldade nenhuma que a força de vontade não vença. Coragem, coragem.