domingo, setembro 02, 2007

Salve Freud, Salve Sarah Bernardht e sua histeria!




França, Paris, 1885


Antes mesmo da construção da Torre Eiffel, uma outra atração toma conta da cidade-luz, capital da erverfescência cultural mundial. Tudo que havia de mais moderno estava em Paris, os melhores cafés, artistas de renome costumavam confraternizar-se em ambientes em que predomina a cena intelectual.


Neste meio estava Freud. Médico, em seus 29 anos de vida, interessado em neurologia. Conseguiu uma bolsa de estudos e foi-se embora pra capital do mundo. Lá foi estagiar no Hospital Salpetrière, conhecida instituição depositária de mulheres denominadas "pacientes nervosas". Freud tinha um laboratório de neurologia a sua disposição, os melhores professores e bibliografia acerca do que desejava estudar. No entanto, seu interese começa a ser dirigido para as aulas do professor Jean-Martin Charcot .


As aulas mais interessantes na opinião do jovem médico eram as aulas de Charcot. Pacientes "nervosas" eram apresentadas à sala, composta por muitos outros jovens médicos, e ali acontecia o que veio a ser a mola propulsora do arcabouço teórico psicanalítico: A Histeria.

Freud se surpreendia com as pacientes que podiam rir, chorar, até mesmo andar , mesmo com seus membros paralisados, ao simples comando e sugestão de Charcot. Os fenômenos histéricos ali eram apresentados como se fossem encenados. Sim, a atração turística de Paris eram as histéricas do Salpetrière.


Em novembro de 1885, escreve Freud a Martha Bernays, sua futura esposa:

" Acho que estou mudando muito. Vou dizer-lhe detalhadamente o que está me afetando [...]não sinto mais nenhuma vontade de trabalhar em minhas próprias bobagens [...] meu cérebro está saciado como se eu tivesse passado uma noite no teatro [...]”


Ah! Como é bom estar aberto a novos interesses. Freud estava em Paris pra estudar neurologia e acaba interessando-se pelas mulheres que representavam a histeria como se fossem atrizes, talvez...influenciadas por Sarah Bernardh, a grande atriz dramática da época. Sim, minha opinião é que nós, psicanalistas, psicólogos ou não, nós, como humanidade, devemos agradecer à Arte se hoje conhecemos algo chamado Psicanálise.


Exatamente, eu acredito que se não fosse o gosto de Freud por tudo que fosse de cunho artístico/cultural, jamais poderíamos ter conhecido a teoria psicanálitica, e, com isto, a história do pensamento humano perderia muito.


Se não fosse assim? Se não fosse assim, talvez o nome de Sigmund Freud fosse visto apenas em compêndios de medicina, de neurologia, falando algo sobre o nervo óptico. Sonhos? Atos falhos? Chistes? A humanidade jamais ouviria falar nisso.


Em consequencia, não haveria MelanieKlein, nem Donald Woods Winnicott, nem Carl Gustav Jung, nem Jacques Lacan. Sim, não haveria psicanálise. E como pensar num mundo sem Psicanálise? Como conceber um mundo em que não existisse Freud, o psicanalista e sim, Freud, o neurologista?


Eu, particularmente, não consigo entender o mundo sem os olhos psicanalíticos, talvez estivesse eu estudando as algas, os fitoplânctons, úlceras gástricas, geografias, tremores sistímicos, escala Richter, marte, plutão, aurora boreal, sistema nervoso, sistema endócrino, àcaros...Mas não o psiquismo humano e seus meandros.


Por isso eu hoje rezo por Sara Bernardht, rezo pelo primeiro egípcio que inventou os hieroglífos, agradeço à sociedade mesopotâmica, à Leonardo da Vinci, a Dostoievksy e tantos outros nomes que influenciaram Freud e o impressionaram a ponto de fazê-lo dar cria ao que chamamos de Psicanálise. Eu agradeço ao deus das artes, se existe um, seja ele pertencente à mitologia grega ou romana, por ter me dado esse presente, que mesmo q pertença a toda a humanidade, me faz ter vontade de abrir os olhos todos os dias e desejar descobrir algo novo.


Um comentário:

Anônimo disse...

Keep up the good work.