quarta-feira, outubro 01, 2008

Da mutualidade


Ela era uma deusa. Certamente, aqueles olhos, aquela boca e um sorriso que não se sabe bem se foi obra de Deus ou do diabo.

Ele era um homem maravilhoso, não sabia sê-lo e por isso mesmo advinha um encanto especial daquela face angelical , posto que, não sabendo ser máscula, estava mais inclinada a fazer parte de algum relicário ou coisa do tipo.

Finalmente sairam do plano das idéias e marcaram de se conhecer. Conversaram, riram.

Ele pôde ver que aquele sorriso já não era tão brilhante e certamente não era obra divina, tampouco era um trabalho demoníaco - no bom sentido. Era obra do capeta, mesmo, e do mais vil. Se não havia nada de tentador naquilo, havia um certo gosto de enxofre naquela boca, antes idealizada e posta em altar próprio.

Ela pôde notar que aquele rosto outrora mezzo pré-rafaelita, mezzo boyband americano era puro engodo, pendia mais para uma alegoria dantesca. Faltava-lhe o "mojo", faltava-lhe muito para poder adentrar na categoria dos "homens". E como falava. Falava pelos cotovelos. " - Que fale só", pensou ela.


Diante de tais conjecturas e conclusões, resolveram que o melhor a se fazer seria não se verem mais nesta vida. E tudo foi feito assim, de comum acordo, sem que nenhum dos dois pudesse dizer isto, verbalmente.

Há que se valorizar a expressão corporal, nessas horas ela diz tudo.


Um comentário:

M. disse...

De fato!
Mto bom, mto bom! ;D