sexta-feira, outubro 03, 2008

Do comodismo



Todos diziam que pouco ou nada tinham a ver aquelas duas criaturas que foram juntas pela ocasião e pela força de vontade.

Fato é que começou já com data de findar. Viram-se umas poucas vezes, ela ansiosa, ele pacato.

Não se pode dizer se se gostaram. Passaram um tempo juntos, viram o sol se pôr algumas vezes assim como viram umas três luas cheias.

É provável que tenham visto uma ou duas estrelas cadentes juntos, não mais que duas. Beijos, vá lá, talvez umas dezenas, umas dezenas bem exageradas, porque suas bocas, estas sim, se gostavam e se encontravam com mais facilidade do que aquelas duas almas incompatíveis.

Viram uma última maré subir e dispersaram, cada um para seu habitat natural.

Ela às vezes se recorda daqueles olhos caridosos e daquela boca ávida

Ele às vezes lembra daqueles cabelos.


Ela gostaria de lhe falar algo, procurar saber sobre a sua vida

Ele queria saber se ela ainda está sozinha


Ela não quis abrir mão do orgulho

Ele não desejava deixar a sua torre de marfim


E tudo foi se apagando assim
Foram indo embora um da vida do outro
como os raios de sol que deixam lentamente de riscar o horizonte para dar lugar a lua
Foram indo embora assim
sem dar por falta um do outro

Uns dizem que era por que não tinha que ser

Outros dizem que foi apenas obra do comodismo

Nenhum comentário: