terça-feira, dezembro 09, 2008

Do complemento






E dizem que não há espaço mais para amor nesse mundo de meu Deus. Se alguém me falasse eu não acreditaria mas acontece é que eu vi.


Encontraram-se os dois numa livraria. Nem grande, nem pequena. Apenas conveniente, já se sabe. Maria de branco e com um sorriso de vergonha estampado na face que trazia pintada.


Ele estava a sua espera, com olhos grandes e doces, tão doces como o doce que trouxe para Maria.


Zé era assim, um homem com jeito de moço velho, mas também tinha lá um jeito de menino novo. Seus olhos grandes estavam à procura dos dela já havia alguns anos, umas vidas, se alguém aqui acredita em Espiritismo.


Zé completava Maria tal como Maria era o complemento para Zé: Muitas luas, muitas décadas e vidas já passaram antes de se reencontrarem, pareciam saber de que sonho um tirara o outro, pareciam conhecer já, mesmo sem se ver, os gostos um do outro, os olhos e os cheiros um do outro.


De tudo um pouco faziam, sem preguiça ou tempo ruim; sorriam o mesmo sorriso juntos e sabiam que iriam chorar o mesmo choro também.


Maria sabia Zé e Zé sabia Maria, assim , sem ter nem porquê nem cabimento, se conheciam e não sabiam de que sonho , de qual vida, apenas se adivinhavam, se completavam e, mais que isso, se queriam tanto que passavam a vida a recitar sonetos, a contar umas estrelas e a cantar umas canções tão belas.


Não havia cor que Maria imaginasse que Zé não a adivinhasse; gostavam de cores, de canções de amor , de poemas e de números pares. Há quem diga que não existe nesse mundo de meu Deus um casal tão feliz como aquele Zé e sua Maria.


Eu digo, com esses olhos curiosos que já viram de terremotos à enchentes, que ainda está para nascer um casal como aquela Maria e seu Zé. Depois daquilo passei a acreditar nos gregos que tanto falavam de gêmeas almas, passei a acreditar em Espiritismo , em Deus e até mesmo nas estrelas que numa dança louca fizeram surgir aquele Zé tão certinho pra Maria.

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