E dizem que não há espaço mais para amor nesse mundo de meu Deus. Se alguém me falasse eu não acreditaria mas acontece é que eu vi.
Encontraram-se os dois numa livraria. Nem grande, nem pequena. Apenas conveniente, já se sabe. Maria de branco e com um sorriso de vergonha estampado na face que trazia pintada.
Ele estava a sua espera, com olhos grandes e doces, tão doces como o doce que trouxe para Maria.
Zé era assim, um homem com jeito de moço velho, mas também tinha lá um jeito de menino novo. Seus olhos grandes estavam à procura dos dela já havia alguns anos, umas vidas, se alguém aqui acredita em Espiritismo.
Zé completava Maria tal como Maria era o complemento para Zé: Muitas luas, muitas décadas e vidas já passaram antes de se reencontrarem, pareciam saber de que sonho um tirara o outro, pareciam conhecer já, mesmo sem se ver, os gostos um do outro, os olhos e os cheiros um do outro.
De tudo um pouco faziam, sem preguiça ou tempo ruim; sorriam o mesmo sorriso juntos e sabiam que iriam chorar o mesmo choro também.
Maria sabia Zé e Zé sabia Maria, assim , sem ter nem porquê nem cabimento, se conheciam e não sabiam de que sonho , de qual vida, apenas se adivinhavam, se completavam e, mais que isso, se queriam tanto que passavam a vida a recitar sonetos, a contar umas estrelas e a cantar umas canções tão belas.
Não havia cor que Maria imaginasse que Zé não a adivinhasse; gostavam de cores, de canções de amor , de poemas e de números pares. Há quem diga que não existe nesse mundo de meu Deus um casal tão feliz como aquele Zé e sua Maria.
Eu digo, com esses olhos curiosos que já viram de terremotos à enchentes, que ainda está para nascer um casal como aquela Maria e seu Zé. Depois daquilo passei a acreditar nos gregos que tanto falavam de gêmeas almas, passei a acreditar em Espiritismo , em Deus e até mesmo nas estrelas que numa dança louca fizeram surgir aquele Zé tão certinho pra Maria.
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