segunda-feira, setembro 07, 2009

Integrações



Depois de tudo te amarei

Como se fosse sempre antes

Como se de tanto esperar

Sem que te visses nem chegasses

Estivesses eternamente

Respirando perto de mim.

Perto de mim com teus hábitos,

Teu colorido e tua guitarra

Como estão juntos os países

Nas lições escolares

E duas comarcas se confundem

E há um rio perto de um rio

e crescem juntos dois vulcões.

Perto de ti é perto de mim

E longe de tudo é tua ausência

E é cor de argila a lua

Na noite do terremoto

Quando no terror da terra

juntam-se todas as raízes

e ouve-se soar o silêncio

com a música do espanto.

O medo é também um caminho.

E entre suas pedras pavorosas

Pode marchar com quatro pés

E quatro lábios, a ternura.

Porque sem sair do presente

Que é um anel delicado

Tocamos a areia de ontem

E no mar ensina o amor

Um arrebatamento repetido.



Pablo Neruda

2 comentários:

Elaine Cronópio disse...

Lindo o poema do Neruda.

Parabéns pela sensibilidade da escolha. ^^

Fernando Simões disse...

Ahá! Então finalmente descobriu Neruda? Ele o Vina de Moraes...os caras mais fodas que já falaram de amor...
Bom achar o teu blog de novo, Mirian. Abraço forte! o/