terça-feira, janeiro 04, 2011

São demais os perigos desta vida...


São demais os perigos desta vida... foi a lição que Vinícius de Moraes nos ensinou. A vida, esta efêmera, é uma das armadilhas que mais buscamos entender...Para uns ela vem suave, tal como uma brisa e do mesmo modo que vem, vai. Para outros, apegados que são à própria materialidade, acabam por consumi-la, nos últimos goles que ingerem, insensata e paradoxalmente , esperando a morte chegar.


A imprevisível não escolhe hora, nem lugar, não escolhe nem mesmo a quem pegar. Pega o que estiver à mão. Portanto, esqueçamos a teoria de que Deus precisa de nós lá no céu - uma vez que não sabemos muito bem porque Deus precisaria de nós, logo de nós, que importante trabalho seria este para o qual estaríamos invariavelmente convocados...e porque nós?


A maldosa chega, invade os lares e destrói os planos. E assim, quando ela nos toca, seja por qual maneira for, sempre nos relembramos da nossa própria finitude. Rabbit Hole, novo filme em que atuam Nicole Kidman e Aaron Eckhart, nos deixa claro que nunca sabemos lidar com a indesejada das gentes, com a morte, com o que quer que seja isso que nos leva alguém e nos enfia, goela à baixo, uma coisa chamada saudade. O filme é sobre luto, sobre como uma família lida com a morte de alguém, como cada pessoa se levanta depois da queda. Pela relevância da temática, pela atuação dos protagonistas, o filme vale a pena e nos relembra, sempre, que ela virá.


Certamente este não seria o post que eu imaginava inaugurando o ano, mas aconteceu. Aconteceu porque a indesejada já havia chegado , na verdade, desde novembro. E assim tive contato com ela, através de sua magnitude, dela não pude me livrar. Ela me deixou sem dormir, me deixou sem saber o que sentir, e em troca, deu-me várias horas intermináveis de insônia, repletas de "porques", de "comos".


Inadvertidamente ela continua seu trabalho. Levando as gentes, lavando as almas e contribuindo para o controle demográfico da população. A vantagem que temos, e única diante dela é que nunca a esperamos...ela vem de repente, sorrateira, nos leva algo de dentro de nós, mas, para nossa sorte, sempre podemos encontrar novos tesouros para preencher as nossas almas esburacadas.


Por que é assim? Porque sempre o foi e sempre será, mas tão inevitavel como a morte é a vida, ela nunca cessa de aparecer e é nisto que podemos pensar. A vida, esta inevitável, é o único antídoto de que dispomos diante da morte, esta insensível. Portanto, vivamos, porque, graças a Deus ou a qualquer outra coisa que o valha, não somos avisados sobre a visita da outra. Vivamos.

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